Comício de abertura da campanha da CDU, no Porto

<font color=0094E0>Na Europa com quem trabalha</font>

Hugo Janeiro
A duas semanas das eleições para o Parlamento Europeu (PE), a Praça da Batalha, no Porto, encheu-se de gente para saudar o comício de abertura da campanha da CDU, a única força política que «no terreno concreto da acção e da luta, junto dos trabalhadores e das populações, esteve sempre e mais do que ninguém, na primeira linha do combate consequente a este Governo e na afirmação dos valores e ideais de esquerda», como sublinhou Carlos Carvalhas na intervenção de encerramento da iniciativa.

«O País precisa que a CDU tenha mais votos»

Muitos foram os que aproveitaram o sábado soalheiro para aliviar as canseiras de mais uma semana de trabalho ou dos dias desesperados à procura de um novo emprego.
Nas ruas da baixa da cidade o pendão azul e branco apelava, «sem falta», ao voto na CDU, enquanto os passos dos transeuntes se misturavam com o som dos «Navegante» que, ali bem perto, já animavam o comício ao ritmo de melodias que convidavam à dança.
Entre o Teatro Nacional São João e o abandonado cinema Batalha, as bandeiras coloridas animavam a praça, com a foice e o martelo e o girassol, expressando a vontade de muitas pessoas que não se deixam enganar pelas encenações do Durão ou as fitas do Paulo Portas.
«Uma força de trabalhadores conscientes e intelectuais livres» que «no próximo dia 13 de Junho vai anunciar o despedimento colectivo do Governo», como referiu o jornalista César Príncipe que, com boa disposição e conversa afiada, foi criticando o Governo e apresentando os oradores.

O descontentamento tem voto

A participação afirmativa entre os presentes reflecte a confiança nesta campanha «de esclarecimento e mobilização para o voto nas eleições para o Parlamento Europeu (PE)», disse Ilda Figueiredo.
A cabeça de lista da CDU ao sufrágio do próximo dia 13 de Junho recordou que os comunistas e os seus aliados chegam a esta jornada «depois de terem percorrido o País de Norte a Sul, de terem falado com milhares de pessoas que nos reafirmaram o seu descontentamento com a política desgraçada deste Governo, que nos referem nas ruas, nas praças e nos mercados problemas como o desemprego dos jovens e das mulheres, as deslocalizações das multinacionais que só nesta região afectou milhares de trabalhadores de empresas como a Brax, a Finex ou a Clark’s, entre tantas outras».
«Naturalmente - continuou a candidata - isto gera um grande descontentamento, mas também o agravamento da pobreza, que actualmente já afecta mais de dois milhões de portugueses».
Muitos desses portugueses, funcionários públicos ou reformados, foram, há dois anos, atrás dos discursos demagógicos de Portas e Durão, e hoje recebem como paga salários e pensões de miséria.
Conhecedora destes problemas, Ilda Figueiredo lançou o desafio, secundada por uma pensionista que empunhava um cartão vermelho.
«A senhora ministra das Finanças diz que não tem dinheiro para a administração pública, para os reformados, quer-lhes dar uma côdea com um aumento de três euros. Assim é impossível viver com o mínimo de dignidade! Eu gostava de a ver a viver, nem que fosse só por um dia, na casa de uma reformada com o dinheiro que esta tem para comprar os medicamentos e, no fim, perguntar o que lhe sobrava.»
Mas a situação torna-se ainda mais grave com o «aumento constante do custo de vida, dos combustíveis, da água, do saneamento, dos preços em geral e dos impostos. Uma situação insuportável; por isso, as pessoas com quem falamos nos dizem que é preciso correr com este Governo quanto antes», adiantou ainda a eurodeputada, deixando depois o mote, «castiguem o Governo por esta política, votem na CDU no próximo dia 13 de Junho!»

Por um outro modelo para a Europa

Anos a fio de políticas de direita, praticadas ora pelo PS ora pelo PSD, sozinhos ou acompanhados pelo CDS-PP, deixaram marcas dramáticas em Portugal.
Traços de desigualdade social, atraso económico e civilizacional que correspondem ao papel subserviente dos sucessivos governos, responsáveis pela aplicação cega das directrizes neoliberais emanadas de Bruxelas.
Contrariamente aos dos outros partidos, os deputados da CDU no PE estiveram sempre na defesa dos interesses nacionais, «contra as privatizações e a falta de investimento fundamental para criar emprego com direitos, numa luta permanente e persistente pelo apoio à renovação e implementação de novas tecnologias na indústria nacional, pela manutenção das nossas pescas e da nossa agricultura familiar», lembrou Ilda Figueiredo, facto «até admitido por alguns empresários do sector têxtil que reconhecem que fomos nós, com dois deputados, quem teve que apresentar as propostas», disse ainda.
Este exemplo demonstra, segundo a candidata, que «os deputados da CDU foram os que mais trabalharam», assumindo-se sempre «na qualidade da defesa dos interesses das mulheres, dos trabalhadores, por um Portugal e uma Europa de progresso e de desenvolvimento e pelo aprofundamento da democracia».
Um combate que tem de continuar e crescer na denúncia de matérias como o tratado constitucional da UE que, com uma negociata de revisão da Constituição Portuguesa entre PS e PSD, passa a ter primazia sobre o nosso texto fundamental. Por isso, Ilda Figueiredo conclui que «os cabeças de lista da maioria e do PS, Deus Pinheiro e Sousa Franco, são dois sósias e quando um diz “amém” o outro diz “está bem”, e as diferenças ficam-se por aí».
O caminho que a Europa necessita não é nem o de uma constituição que institui o directório neoliberal das grandes potências, nem o de um alargamento a novos países ao sabor dos ricos e poderosos «que só o fizeram para venderem lá os seus produtos e montar lá as suas multinacionais com fim de explorar mais aqueles trabalhadores», destacou Ilda Figueiredo.
Pela Europa da solidariedade lutam os comunistas, «uma Europa de desenvolvimento e progresso que recuse o militarismo», pelo que, concluiu a candidata, o País precisa que a CDU tenha mais votos, tenha mais deputados porque isso é do interesse de quem trabalha».

Carlos Carvalhas no comício do Porto
Cartão vermelho ao Governo

A fechar o comício da CDU, o secretário-geral do PCP sublinhou a importância das eleições para o Parlamento Europeu e apelou ao povo para, através do voto, castigar o Governo.

«A direita quer que haja abstenção porque sabe que, com a onda de descontentamento que se sente, quem for votar castiga o Governo», sublinhou Carlos Carvalhas.
Na base do repúdio popular estão «as políticas que os partidos socialistas e os partidos da direita têm levado à prática, agravando as desigualdades e aumentando o desemprego», logo, acentuou o dirigente comunista, «é preciso que em Portugal e na Europa se mudem as políticas».
Mudanças que invertam o discurso do «pelotão da frente» no qual nos quiseram convencer que estávamos inseridos.
Os factos provam o contrário e, como destacou Carlos Carvalhas, «infelizmente estamos na retaguarda, somos os campeões do crescimento do desemprego, da taxa de pobreza, dos contractos a prazo, da maior desigualdade na distribuição do rendimento nacional, do abandono escolar, dos cidadãos que mais gastam com a saúde e o País da UE com o maior fosso entre os 10 por cento mais ricos e os 10 por cento mais pobres. Estamos na cauda da Europa porque os governos com as políticas neoliberais sacrificaram sobretudo as classes não possidentes».
Uma verdadeira alternativa ao actual modelo só é possível com a CDU, uma vez que «entre o PS e o PSD não há grandes diferenças e estão, no fundamental, de acordo com as orientações da UE», disse Carvalhas.
O secretário-geral do Partido clarificou que «nós não estamos de acordo, somos antes por uma Europa de paz, de cooperação e queremos uma Europa dos trabalhadores».

A Europa que queremos

«Há quem entenda que para se resolverem os problemas da Europa é necessária “mais Europa”. Nós não ficamos por essas frases vagas e perguntamos: Que mais Europa?», indagou Carvalhas.
«Querem a “mais Europa” do directório das grandes potências, das multinacionais e do federalismo, ou a “mais Europa” do nivelamento por cima das conquistas sociais, dos sindicatos, da Revolução Francesa e da Revolução de Outubro, da solidariedade, da cooperação e da coesão económica? Esta é a Europa que nós queremos, a que nós defendemos» continuou Carvalhas deixando patentes algumas das razões pelas quais só os deputados da CDU contam para fazer a diferença.

«Ninguém deve esquecer»

«A coligação PSD/CDS-PP vai procurar a todo o custo que não haja memória individual e colectiva sobre as desgraças, os sofrimentos, os golpes e as destruições que a sua política e o seu Governo fizeram sobre o País e sobre a maioria dos portugueses», relembrou Carlos Carvalhas.
Por isso, o secretário-geral do PCP fez questão de salientar o que no próximo dia 13 de Junho «ninguém deve esquecer e ninguém lhes de perdoar:
· Dois anos consecutivos de aumentos de preços, agravamento do IRS, aumento do IVA de 17 para 19 por cento e a escandalosa continuação de uma política fiscal completamente serventuária dos bancos, das grandes empresas e dos negócios dos “off-shores”.
· O maior aumento do desemprego em toda a UE, uma crise económica sem fim à vista, o drama dos sucessivos encerramentos de empresas e a dor, o sofrimento e o desespero que fazem cair sobre milhares de trabalhadores e as suas famílias.
· O repugnante retrocesso histórico que se dá pelo nome de “Código do Trabalho” mas que se poderia chamar “Código contra o trabalho e os trabalhadores”, bem como o congelamento da contratação colectiva, a inadmissível redução do subsídio de doença e os novos projectos de redução do subsídio de desemprego.
· As listas de espera na saúde, que estão maiores do que estavam, e os aumentos nas taxas moderadoras e no preço dos medicamentos.
· Os escândalos de clientelismo, de “tachos” para os amigos, de “cunhas” de ministros e de ministros que tinham sobrinhos ricos na Suíça.
· Que um Governo que tanto tem insultado e agredido os trabalhadores da Função Pública vá agora pagar a um novo director-geral dos impostos um “modesto” ordenado de 5 mil contos mensais.
· Que este Governo envolveu Portugal na desastrosa ocupação do Iraque e no vendaval de violência, morte, sofrimento, tortura e indignas humilhações que Bush e os seus comparsas da Cimeira dos Açores desencadearam sobre aquele martirizado povo.
É pois necessário e imprescindível levar agora o descontentamento, a indignação e a luta contra este Governo até aos votos, porque é nos votos que mais lhes vai doer», finalizou Carlos Carvalhas.

«O nosso País não tem donos»

«É notório que há, neste Governo, cada vez mais tiques “cavaquistas”. O tique da arrogância, o tique do “quero, posso e mando”, daqueles que pensam que têm “a verdade na boca” e que são os donos do nosso País.
Não! Não são os donos do nosso País, porque o nosso País não tem donos, foi para isso que foi feito o 25 de Abril, para que os donos do nosso País fossem o povo e os trabalhadores, que são aqueles que criam riqueza.
O primeiro-ministro disse que o PCP é o responsável pela conflitualidade social, mas já deveria ter compreendido por que razão não há greve dos banqueiros, nem greve dos donos das seguradoras, nem daqueles que especulam financeiramente. Desses não há greves porque para esses trabalha o seu Governo, a ministra das Finanças e o da Saúde. Para esses é que ele trabalha, não é para os trabalhadores nem para o povo em geral, mas para os que enriquecem.
Mas quem é o responsável por os trabalhadores da administração pública estarem há três anos com os salários congelados? Quem é o responsável por se ter aceite uma Política Agrícola Comum em que a esmagadora maioria dos subsídios vão para os latifundiários? Quem é o responsável pelos protestos dos agricultores e dos trabalhadores da administração pública? É o PCP ou é o primeiro-ministro com a sua política desgraçada? O responsável é este Governo!
Quem é ainda o responsável por nada se fazer contra as deslocalizações, e por há mais de um ano se andar a empatar os trabalhadores da Bombardier? Quem é o responsável pelas promessas feitas, mais do que uma vez, à PSP e à GNR, e quem são então os responsáveis pelos protestos dessas forças de segurança?
Quem é o responsável pelas mentiras sobra as armas de destruição maciça e pelo envio da GNR para o Iraque, associando o nosso País a uma guerra injusta e ligando-o às sevícias? E pelos protestos contra esta guerra de subserviência a Bush e aos interesses do império, quem é o responsável? É o primeiro-ministro, é ele o primeiro responsável!
Por isso, no dia 13 de junho, vamos todos com cartão vermelho dizer não a esta política! Não a este Governo! Vermelho p’ró Durão!»

João Corregedor da Fonseca no comício da CDU
Dar voz à indignação

Ao intervir no comício de abertura da campanha da CDU, o presidente da Intervenção Democrática (ID) destacou a centralidade das próximas eleições para o PE, «já que ocorrem num momento político, social e cultural muito complexo», facto que obriga a escolha de «deputados que saibam defender os interesses e a soberania nacionais e lutar pela adopção de políticas comunitárias que concorram para um mais adequado desenvolvimento do País e para uma Europa mais solidária».
João Corregedor da Fonseca considerou que são imprescindíveis eurodeputados «intervenientes, patriotas e progressistas», e que só os candidatos da CDU se apresentam em condições de «pugnar por uma Europa que não concorra para criar desigualdades, que recuse as políticas neoliberais como as aplicadas pela OMC ou o FMI, que rejeite a corrida aos armamentos e a militarização».
Antes, é urgente reforçar a confiança em eleitos que promovam um modelo de construção europeia assente na «igualdade entre os povos, entre mulheres e homens, que fomente o emprego e trave a deslocalização de empresas para regiões onde é mais fácil a exploração da mão-de-obra», explicou o candidato.
A terminar, Corregedor da Fonseca criticou ferozmente a política seguida pela coligação governamental da «direita e da extrema-direita» e pelos seus antecessores socialistas, exortando o povo português, em nome da ID, «a uma ampla votação na CDU» como expressão de «repúdio às políticas do actual Governo».

Heloísa Apolónia no comício da CDU
É tempo de fazer a diferença

Referindo-se à carta de uma leitora recentemente publicada num jornal diário de grande tiragem, Heloísa Apolónia iniciou o seu discurso afirmando que «é pena que os grandes órgão de comunicação social não tenham tornado público, ao longo dos cinco anos de mandato no PE, o trabalho realizado pelos deputados eleitos por Portugal», porque dessa forma seria fácil «perceber o quão diferente foi o trabalho dos eleitos da CDU».
A candidata do Partido Ecologista “Os Verdes” na lista da coligação esclareceu que «os deputados da CDU estiveram permanentemente em contacto com os problemas do nosso País, e fizeram a tradução deles no PE» através da denúncia das «políticas comuns aplicadas, muitas vezes cegamente, ao nosso País em concreto e à nossa população em concreto.»
Apesar de não terem nenhum eleito do PEV, Heloísa Apolónia lembrou que «“Os Verdes” fizeram um trabalho intenso com o Grupo Verde Europeu», do que serve de exemplo o trabalho realizado em relação «ao drama dos fogos florestais que nos assolaram o verão passado» ou «às regras maléficas da Política Comum de Pescas».
A candidata nas listas da CDU sublinhou ainda que se torna fundamental que «as pessoas percebam para que é que querem representantes portugueses no PE» e, como «os tempos não são para indiferenças», o «dia 13 de Junho é uma excelente oportunidade para fazer «o maior acto ecológico que se pode praticar» e correr com o Governo, «a maior fonte de poluição política deste País.»




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